Auriel Nazaré

Auriel hoje é quem lidera a produção familiar de cerâmica artesanal, iniciada há 4 gerações na cidade de Maragogipinho, interior da Bahia, considerado o maior polo de cerâmica da América Latina.

Nessa família de 11 filhos, hoje ele é o único que nunca saiu da região para trabalhar com outra coisa, pois decidiu manter viva essa tradição, caso contrário, provavelmente iria desaparecer.

Se a produção acontece desde o século XVIII, Auriel Nazaré descobriu ainda muito pequeno que lá estava sua paixão: “a arte pede atenção só para ela. Não pode agredir a peça, a secagem deve ser feita na sombra para não rachar nem entortar” e ficamos horas conversando sobre cada detalhe do processo, e sobre como “o barro deixa a vida melhor”.

Ele conta que as olarias são cobertas com palha, e suas laterais são abertas, uma engenharia fruto de conhecimentos ancestrais para conquistar o melhor resultado em cada criação.

“Durante a noite já começamos a botar paus para fazer brasa, e a queima acontece até 17h do dia seguinte” Um processo longo, no qual o homem deve ficar em função do fogo, respeitar e atender o seu tempo, numa queima de altíssima temperatura, que ainda respeita técnicas ancestrais.

Todas as peças são 100% naturias, “argila sob argila”, e uma das técnicas utilizadas é a chamada “tabatinga”, cuja origem remete aos  povos indígenas, primeiros habitantes locais. Essa técnica consiste em misturar diferentes tons de barro, e ele conta: “minha avó era indígena, usavam a tabatinga como pintura para adornar as peças”

Auriel se orgulha de ter sido o criador de outra técnica, responsável por oferecer a coloração branca de forma completamente natural às peças, sem uso de qualquer tinta ou aditivo químico!

Cada cor tem um nome, é fruto de um elemento.

Ele ainda diz que já sofreram muito na mão de atravessadores, que escondem a verdadeira origem das peças, e não mostram quem fez. Hoje diz preferir trabalhar com quem demonstra honestidade e sensibilidade.